Ana Frango Elétrico - Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua
Esse me pegou muito mais que o anterior (Little Electric Chicken Heart, 2019) que já tinha pego mais que o primeiro (Mormaço Queima, 2018). Ou seja, Ana Frango Elétrico só melhora a cada lançamento. A magia vem da bela produção e toda a incrível instrumentação. Disco music, jazz, rock 60's, groove e letras formidáveis.
Para ouvir: “Dela", “Insista Em Mim", “Boy From Stranger Things”, “Camelo Azul”, “Nuvem Vermelha”
Planet Hemp - Jardineiros
Os caras voltaram pesadão, mané. Muito foda o Grammy Latino desse ano ter ido pro Planet, em duas categorias de nomes estranhos: “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa” e “Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa”. Brabíssimos. Tem mais sobre o disco nesse outro post aqui: Jardineiro Não É Traficante
Para ouvir: “Distopia”, “Ainda", “O Ritmo e a Raiva”, “Jardineiro”, “Taca Fogo", “Onda Forte”, “Salve Kalunga”
Mateus Fazeno Rock - Jesus Ñ Voltará
“Jesus não voltaráaa…” Mateus, cria de Sapiranga, bairro da periferia de Fortaleza, lança a braba logo nos primeiros versos. O maior expoente do estilo “rock de favela” também passeia pelo reggae, pelo rap e pelo R&B em uma produção que alterna momentos de caos/calma e rimas extraordinárias e pungentes como em “De Noite”…
E não é só de mitologia / Que se vive e que se tem prazer / Em dizer que a favela venceu / Quando ainda estamos a morrer
Para ouvir: “Pode Ser Easy", “Nome de Anjo”, “Vontade Nego”, “Melô da Aparecida”, “Jesus Não Voltará”
Jards Macalé - Coração Bifurcado
O professor segue dando aulas em seu décimo terceiro disco. Desde "Besta Fera” de 2019, lançado durante o horror da era Bozo e de tom mais raivoso, que a parceria acertada com Romulo Fróes na direção artística, como dizem por aí, entrega tudo e mais. Em “Coração Bifurcado” o tema é o amor em todas as suas singularidades e ainda conta com participações de Maria Bethânia e Ná Ozetti.
Para ouvir: “Mistérios do Nosso Amor", “A Arte de Não Morrer” , “Simples Assim", “Amor in Natura”
Anohni - My Back Was a Bridge For You To Cross
A capa com a foto de Marsha P. Johnson, ativista do movimento social e político Gay Liberation e figura icônica da cena artística de Nova York, encontrada morta em 1992 no Rio Hudson em circunstâncias nunca esclarecidas, já estabelece o tom emocionado do album de Anohni. Sem reverbs ou efeitos na voz e gravado ao vivo no estúdio, o disco já foi comparado ao clássico “What’s Goin On” (1971) de Marvin Gaye.
Para ouvir: “It Must Change”, “Scapegoat", “Can't", “Sliver of Ice”, “Why Am I Alive Now?”
Lanna Del Rey - Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd
É isso. Agora sou real oficial o coroa que ouve Lanna Del Rey. Em minha defesa, posso dizer que já acompanho a carreira dela desde 2012 com “Born to Die”. De lá pra cá, entre altos e baixos, nos encontramos esporadicamente. Retomamos no “Ultraviolence” de 2014 e agora com “Did You Know…”, um disco ótimo pra marcar uma volta triunfal ao som de cordas, guitarras e piano. Denso, íntimo e pessoal.
Para ouvir: “Sweet", “The Grants”, “Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd?”, “Fingertips”, “Paris, Texas”
Yasmin Lacey - Voice Notes
Descoberta recente, Yasmin Lacey tem uma voz encantadora. Esse é o seu primeiro disco e já diz ao que veio na misturada de jazz, soul e música eletrônica. Soa ainda melhor ao cair da tarde/noite com drinkezinho dando check no whatsapp na beira da piscina pra amenizar o calor.
Para ouvir: “From a Lover", “Bad Company”, “Late Night People”, “Flylo Tweet”, “Eye to Eye”
Cigarettes - Bingo (25th Anniversary Edition)
Essa é uma indicação totalmente emocional por conta do tempo e da amizade de mais de 25 anos que tenho com Marcelo Colares, guitarrista, vocalista, compositor e idealizador dos Cigarettes. Vi, em 1998, esse projeto ser gestado e finalizado. Agora, 25 anos depois, ganha uma nova roupagem e shows comemorativos. Um já foi no Manouche, no mês de Maio, no Rio de Janeiro. O próximo, vou dar o serviço aqui, será no dia 09 de dezembro no Festival Indiegente na Fenda em SP.
Para ouvir: “Happiness", “Junk", “Show”, “We're Gonna Make a Sound", “The Beauty of The Day", “Naturally Sad”
Yo La Tengo - This Stupid World
Já vai pra base de uns 40 anos que acompanho a carreira do Yo La Tengo. Dois shows na plateia, um bem ruim e outro pra lavar a alma. Pra começar, esse é o melhor título de album pros tempos atuais e o som de baixo, guitarra, bateria, vocais cool e clima kraut rock/drone não decepciona. Depois do sensacional EP de covers “Sleepless Night” (2020) que, pra usar uma expressão antiga, ouvi até furar, agora essa pedrada.
Para ouvir: “Sinatra Drive Breakdown", “Fallout”, “Aselestine”, “Until it Happens", “This Stupid World"
André 3000 - New Blue Sun
Vamo lá, pra finalizar, o disco novo de André 3000 que tem me instigado deveras. Onde quer que você estivesse em 2003, você ia escutar o hit “Hey, Ya”. Festas de adulto ou criança, casa de amigo, noite alternativa, noite caretinha, tava lá tocando a bendita. Mas não só por isso. Outkast, o duo/banda da qual ele fez parte é uma das mais consideradas por seus serviços no mundo do pop/rap. Pois, 17 anos sem lançar nenhum disco, a não ser uma participação aqui e ali, André 3000 lança um disco ambient/new age e confesso que tenho ouvido obsessivamente pra ver se eu entendo o que ele quis com esse disco, pra ver se eu me entendo ou pra ver se entendo o mundo.
Ainda não cheguei a conclusão nenhuma. Mas como fã de jazz ambient de artistas como Laraaji, Philip Glass e Pharoah Sanders posso dizer que estamos diante de mais um clássico e com o bonus de títulos zoeiros ou auto explicativos para as músicas.
Para ouvir: “I swear, I Really Wanted To Make A “Rap” Album But This Is Literally The Way The Wind Blew Me This Time”, "That Night In Hawaii When I Turned Into A Panther And Started Making These Low Register Purring Tones That I Couldn’t Control ... Sh¥t Was Wild”, “Ants to You, Gods to Who?”