Eu Vou Tomar Um Tacacá

Dançar, Curtir, Ficar de boa Ou Hit de 2015 viraliza e se torna o novo "Eu Falei Faraó"

Mana, tu acreditas que fui pouquíssimas vezes a Belém, que é do lado de Manaus? Só duas horinhas de avião ou cinco dias de barco. Tô te dizendo. Só fui quando era mais criança, pequeno demais pra lembrar de ir ao Ver-o-Peso e apurar meu paladar. Mesmo assim essa música me desperta vários gatilhos.

Pra começar, o Tacacá. Pra quem foi nascido e criado no Norte sabe que a base da alimentação de qualquer família é Tacacá, Açaí e Tapioca. O Tacacá é complexo demais pra qualquer mistura. Mas Açaí e Tapioca o povo daqui adora misturar com tudo. Tudo o que você possa imaginar. De granola a leite ninho, mana. Tá doido.

Não tô aqui pra fazer manifesto, não. Às vezes, quando bate aquela saudade de doer, até me rendo a um Açaí aguado. Maninha, aqui, pra gente tomar o original é trinta reais e já tô lascado demais pra me dar ao luxo. Pera ainda, pra não dizer, outro dia levei Helena só pra bichinha saber o gosto que tem. Vixe! Se fartou e ainda queria outra tigela. Só depois, paixão. Falei pra ela quanto limpava a boca roxa de Açaí.

E na próxima vai ser lá no Largo São Sebastião, na hora que o sol baixar um pouco. A criançada correndo pra lá e pra cá, brincando de elástico, queimada, comendo maçã do amor, quebra-queixo, algodão doce. Os adultos tomando tacacá, comendo macaxera, bebendo cerveja, suco de cupuaçu. Em alguma rádio, o brega torando.

É o que? Se isso era mil novecentos e antigamente? Agora tem pouco disso, né? Mas é o gatilho que a música dá. Eu sei que o pagode e o agro agora dominam. Quando a gente era pequeno, o que tocava era brega, tecnobrega, forró e remix, lembra?

Pinduca, Pio Lobato, Teixeira de Manaus, Dona Onete, Carlos Santos, Barto Galeno, Odair José, Diana, Fernando Mendes. Música pra dançar e chorar ao mesmo tempo. Como são as coisas lá no Norte, né mana? Quando tu vê, tá tomando cerveja e trocando ideia com o delegado. Dois abestalhados admirando aquele por do sol no Rio Negro, no meio do flutuante. Isso antes da seca, né? Não sei como tá agora. Mas deve tá a mesma coisa. E tu, mana? Como estás?

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