Em menos de uma semana fui participado, não por escolha minha, do fim do relacionamento de pelo menos seis casais celebridades: Rafa Kalimann e Antonio Bernardo, Luíza Sonza e Chico Moedas, Ana Castela e Gustavo Mioto, Paula Fernandes e Rony Cecconello, Dalton Vigh e Camila Czerkes, Lucas Lima e Sandy.
Confesso, fiquei um pouco atordoado. Não pelo fenômeno da superexposição que já está mais do que consolidado nas redes. Minha dúvida é como cabe tanta consoante no nome desse povo? Numerologia ou elenco de série policial Islandesa.
Tentei aplicar um critério científico para entender as causas da tsunami de separações. Mas, na minha amostragem constatei que não existe um padrão na falta de sentido. Visto que alguns casais já estavam comemorando bodas de prata, outros duraram um pouco mais do que o tempo de um chá tomado no banheiro do Galeto Sat's de Botafogo.
Sem julgamentos. Tenho consciência dos privilégios e de que o problema de incompatibilidade, desapego, de quem vai ficar com o Neruda que nunca leu, é um nada perto da seca na Amazônia, da privatização do metrô, da Sabesp ou da deputada que se diz casada com um negro sendo ele branco, mais a desgraça ambiental. Isso aqui é uma crônica pra se ler apenas um parágrafo, compartilhar no grupo dos amigos e depois comer uma pizza.
Todas as vezes em que me percebo digitalmente envolvido na separação de um casal, famoso ou não, dois universos colidem dentro da minha cabeça. Num choque de cultura interno, fico entre a crônica definitiva “O Amor Acaba”, de Paulo Mendes Campos…
“Sim, o amor acaba. Onde? Quando? Como? Numa esquina, por exemplo. Num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; e acaba também em cafés engordurados, diferentes dos parques dourados onde começou a pulsar (…) em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer hora o amor acaba.”
…e a poesia de análise combinatória de Humberto Gessinger…
“Há um muro de concreto entre nossos lábios / Há um Muro de Berlim dentro de mim / Tudo se divide, todos se separam / Duas Alemanhas, duas Coreias / Tudo se divide, todos se separam” - “Alívio Imediato”, Engenheiros do Hawaii
Tá punk. Tá complicado. Sei também que a pandemia fez qualquer grande convivência estar sempre a milímetros do tédio mortal. Mas, olha isso. Você chegou até aqui. Quase no final do texto. E a gente não se separou nem um minuto. Sinal de que ainda existe esperança. Ao contrário do que acontece nas grandes separações a gente pode continuar junto. É só assinar, ativar o sininho, compartilhar, deixar um comentário, dar um like e a gente continua esse chá na semana que vem.