Uma lista de livros que você começou e não terminou por motivos da assinatura que você renovou sem perceber no streaming de uma lista de filmes e séries. Assim como a lista de aplicativos de meditação, receitas e hábitos saudáveis abandonados no celular.
Que nem a lista de memes e figurinhas de flores, pássaros e bichinhos fofos acompanhados de um sol desejando bom dia, salvo da lista dos grupos de zap, junto a lista de mensagens que você mandou pra você mesmo de cursos, editais, projetos e podcasts que durante um tempo foram sua companhia diária.
O mesmo podcast que revelou uma lista de militares e mais um padre (sempre tem um padre) em conluio para matar o presidente eleito, o vice e um juiz do STF. Notícia que você recebeu da lista das news que você assinou, ao mesmo tempo em que checava a Retrospectiva do Spotify e você se espanta de nunca sequer ter ouvido aquela lista de artistas, enquanto visitava aquele café secreto que todo mundo conhece e você só descobriu depois da lista de dicas da influencer que não está na sua lista de amigos.
Amigos da sua lista amiga do final de ano que relembram a lista de viagens que vocês já fizeram e que ainda vão fazer, na lista de metas para o próximo ano durante uma discussão sobre uma lista de pratos que não devem ser acompanhados de arroz com passas ou salada de maionese é quando você se dá conta de que a vida é o que acontece enquanto tentamos organizar nossas listas de final de ano.
Outras Considerações no ar! Dessa vez, com uma playlist dos lançamentos de 2024 mais tocados aqui em casa e, dependendo da sua lista de aditivos, animar a virada.
Sessa - Köln Sessions
Conheci Sergio Sayeg (aka Sessa) em alguma indicação do perfil Somewhere Soul. E, como se fosse garantia de alguma coisa, eu garanto a você que esse singelo EP de 4 faixas instrumentais e duração de 11 minutos melhorará seu dia. Abre com um Afoxé saboroso e segue na mistura de Caetano, afrosambas e free jazz. Tem uma música chamada “Helena”, daí já me conquistou. O Estrela Acesa: Demos e Alternates (2023) também vale o confere.
Boogarins - Bacuri
Parafraseando a queridíssima Fernanda Torres - que todo dia aparece no meu feed - em uma participação no Altas Horas, equiparando Fabio Júnior e Fiuk: teve uma época em que já fui muito novo pro Clube da Esquina. Hoje sou muito velho pros Boogarins.
De qualquer forma, a psicodelia mineira é um trem bom demais, sô. Como nos outros lançamentos deles, Plantas Que Curam (2013) e Sombrou Dúvida (2019), não consigo (ou não sou capaz) de seguir adiante e ouvir o disco na íntegra. Não de primeira. Entro numas por dias, semanas até. "Corpo Asa" é o hit da vez.
Na sequência, corro pro Lô Borges disco do tênis (1972) e o Sonho Real (1984). Ou, daí já passa um cafezim coado, um bolim de fubá.
Crizin da Z.O. - Acelero
Tão provocativo quanto dançante, o novo do Crizin da Z.O., projeto de Cris Onofre (voz e letras), Danilo Machado (beats e percussão) e Marcelo Fiedler (baixo, guitarra e beats) é mais que uma banda. É um acontecimento. Punk, rap, samba, música eletrônica, tamborzão, ironia e deboche pra embalar o fim do mundo.
O ódio é um afeto que passo no Mastercard / Domingo eu tô tirando / pra poder chorar até tarde / às vezes eu tô sonhando tipo no VRChat / no mapa da Zona Oeste / soltando pipa combate
Lembrei aqueles pique Mimosa (2023) do Mbé, Cabezadenego e Layblack e do formidável Queda Livre (2024) do Caxtrinho que já devo ter comentado por aqui. Do contrário, fica pra um outro post mas já recomendo fortemente.
Colapsado, segue o baile.
Nia Archives - Silence is Loud
Nia Archives, diva do Jungle ou Nu Jungle, como preferir, lançou essa belezinha de álbum com esse título encantador. Voz linda, batidas pra frente, que me reconectaram com aquelas noites gloriosas de Febre, a festinha de Drum and Bass do Calbuque.
Se te apetecer uma conferida no gênero, vale a audição das oito pedradas de Girls Love Jungle (2023) do duo inglês Gum.MP3 & Dazegxd (te vira aí pra pronunciar) também o formidável Night On Earth (2019) do produtor holandês Coco Bryce.
Wilco - Hot Sun Cool Shroud
Pra finalizar, sabe aquela banda que todo mundo ama e você sempre acha na trave? Tenho esse sentimento com Wilco. Apesar de curtir a mente criativa do Jeff Tweedy. A ponto de adquirir o livro “How To Write One Song” (2020) em que ele “ensina” técnicas de composição. Eu sempre quis decifrar o Wilco, entender essa implicância. Nunca fui bem sucedido. Até ontem, quando ouvi o disco novo.
Deve ter a ver com a duração dos álbuns. Esse EP parece ter o tempo exato. 6 músicas em 17min e 36 segundos. A dose diária que eu preciso de Wilco. Faltava a concisão pro Jeff com as "sobras” e outtakes do Cousin (2023). Levadinhas chacundum e momentos cativantes em “Say You Love Me” e “Annihilation”. Aqueles pique Sparklehorse, Grandaddy, Silver Jews. É alt country ou indie folk que chama? Vou ali assar uns marshmallows numa fogueira enquanto penso nisso.
Eles tocam em São Paulo no ano que vem. Olhaí, Natal tá chegando hein. Imagina, não precisa, muito gentil de sua parte, mas, por falar em listas, agradeço se eu estiver na sua lista de presentes de fim de ano. Que tal começar assinando essa Newsletter, hã? Vem na direção do padrinho que eu te jogo lá em cima, já dizia o poeta.