A Vida Sem Twitter
O novo do Osees, Nocturnos de Tom Waits e A Batalha de Argel
1. Do Fundo do Coração
Por motivos de revisitando montagens de Bob Wilson, lembrei da parceria Tom Waits/ Bill Burroughs no operístico “The Black Rider” (1993). Pois, lá na época do lançamento, ainda processava o disco do ano anterior, “Bone Machine”, e não recordo de ter dedicado a atenção necessária a mais um clássico que só redescobri ontem.
Aqui, uma coisa (não necessariamente) puxa a outra, o caso é que, logo em seguida passei a revisitar minha relação com Tom Waits que data de 1986 e começou pela imagem, depois a música. O trailer de Down By Law (ou Daunbailó como ficou conhecido por aqui), do Jim Jarmush, apresentava Zack (Tom Waits), Jack (John Lurie) e Roberto (Roberto Benigni) em uma cela, andando em círculos e gritando por sorvete. Para um adolescente franzino, de 15 anos, estilo largado, foi avassalador.
Don't listen to the rumours that you hear about me
Cause I ain't half as bad as they make me out to be
Well I may lose my mind but baby, can't you see?
That I'll be saving all my love for you
E consumia em altas doses. De alguma forma adquiri o Rei Lagarto/18 - Nocturnos Tom Waits com textos e letras da fase jazz na madrugada até anos 80 - essa coleção Rei Lagarto era bem legal, procure saber, tinha Jim Morrison, Charles Mingus, Patti Smith, Ian Curtis, Lou Reed, David Bowie, Neil Young e Sergio Godinho - andava pra todo lugar com o livro debaixo do braço tanto que perdi. Foi o Rodrigo que me presenteou em algum aniversário, edição da Assírio e Alvim de 1989 ainda com o selo da Livraria e Editora República, Loja H - Shopping da Gávea. Podes crer, amizade.
2. E Agora Para Uma Descoberta Recente
Essa criatura é a capa do “SORCS 80”, disco novo da banda Thee Oh Sees, que hoje assina Osees mas já assinou OCS. Além da criatividade em mudar o nome da banda/projeto do guitarrista e vocalista, a lenda, John Dwyer, ele segura o clima synth-punk direto ao ponto até o final.
Aqueles pique Devo, Can, Ramones, The Stooges, tá lgd
Tem rodado bem por aqui
3. O Triunfo do Realismo
Enquanto degustávamos, com resignação, uma Estrella Galícia Zero Álcool, Simplício lembrou de uma sequência do clássico “A Batalha de Argel” (1966). O momento em que o coronel francês descobre que Jean-Paul Sartre apoia a Frente de Libertação Nacional e se pergunta “Por que os liberais estão sempre do outro lado?”
De 1954 a 1962 a França tentou conter, na base do medo e da violência, um levante nacional contra o colonialismo. Mistura de ficção com documentário, o filme já chamado de "Treinamento de Guerrilhas Urbanas” por mostrar algumas táticas, ao mesmo tempo em que já foi criticado por ser “imparcial”, tipo o sabor da cerveja zero.
Se quiser tirar a dúvida, tá completo no YouTube.
Dirigido por Gillo Pontecorvo com trilha sonora do Ennio Morricone
Eu ouvi “Conteúdo Exclusivo”? Claro! É só assinar a versão paga (dez reais) da OC.
Sim, meu caro Harold, tudo certo sobre Thomas Allan Waits, do qual sou devoto e pertenço a confrarias internacionais. Tenho 90% do que ele lançou, inclusive 4 ou 5 piratas. E uns três ou quatro livros, incluindo este. Bone Machine é avassalador. E The Black Rider uma obra-prima, com canções arrasadoras, inclusive uma delas com participação do próprio Burroughs, "It Aint No Sin" (Take off your skin and dance round your bones) , mais uma parceria de Tom com Bob Wilson e o pessoal do teatro de Hamburgo, dessa vez com texto do William . (O outro, "Alice", já era escrito em parceria com Kathleen Brennan, a genial Sra Waits, ex roteirista que trabalhava com Coppola, eles se conheceram em "One From The Heart". Além disso também fizeram juntos o sensacional "Frank's Wild Years", disco que me introduziu ao universo de TW, que custei a acreditar, quando ouvi pela primeira vez que não seria um negão tipo Satchmo, pela voz) É isso aí. Estou com um texto grande para publicar aqui no Substacks sobre o cara, só não tenho tido tempo para tal. Mas breve farei. Acho o cara um fenômeno. Ele, Joni, Dylan esses caras são uma Santíssima Trindade da cultura americana, pra mim. (Mas além deles muitos outros, claro, mas estes aí, pqp). Super abraço.